sexta-feira, 1 de novembro de 2019

CANHONEIRA FARO

A Canhoneira 'Faro', elegante navio com um deslocamento de 136 toneladas, adquirida na Inglaterra em 1878 serviu na Armada até 27 de Fevereiro de 1912 data em que se perdeu por afundamento à frente da Barra de Alvor. Estava empenhado no serviço de fiscalização aduaneira. Tinha 27m de comprimento, 4,70m de boca e 2,28m de pontal. Construída em aço, estava equipada com um motor compósito de 200 hp que lhe assegurava uma velocidade de 11 nós, apresentava na proa uma peça de artilharia Canet de 47mm e a guarnição era composta por dois oficiais e vinte e oito marinheiros. Recebera a honrosa missão de transportar uma comitiva a seu bordo, entre outros S. Ex. o Ministro de Inglaterra, num passeio até Sagres.
A viagem decorreu soberba. Um tempo magnífico, um mar espelhado, sem uma ruga, como só o Algarve sabe apresentar-nos, quando o Levante ou o Sudoeste lhe não fazem partidas. Encantado, o diplomata inglês despediu-se cordialmente dos seus novos amigos portugueses, e desembarcou em Lagos. Estava cumprida a delicada missão, realizada com a compostura e elegância que a gente de Marinha sabe imprimir a tais funções de carácter diplomático.
Em seguida a canhoneira seguiu para Faro, mas quando passava ao largo da praia do Alvor, cerca das sete horas da tarde, abalroou com o vapor Josefina, da praça de Lagos, que havia saído de Portimão tempo antes. A canhoneira flutuou apenas dez minutos, depois do forte rombo que sofreu na amura de bombordo como consequência da colisão. Só houve tempo para arriar as duas baleeiras de bordo, onde parte da tripulação chegou a terra, pois infelizmente oito homens não o conseguiram fazer, entre eles o seu comandante Henrique Matzer, o imediato, um maquinista e o primeiro contra-mestre.